A MENTIRA E O COMPORTAMENTO HUMANO

Existem diversas técnicas e procedimentos para a detecção de mentiras, pela linguagem corporal e micro expressões. Por mais diferentes que pareçam, no entanto, compartilham características comuns: são métodos ou técnicas que se valem da observação de indicadores indiretos em relação à mentira.

 

Os indicadores observados normalmente, tem relação direta com parâmetros dos Sistema Nervoso. A grande dificuldade em identificar a mentira na  correta interpretação dos indicadores corporais e faciais, tomando em consideração um determinado contexto de interlocução e a chamada Linha de Base.

 

Não é possível afirmar que alguém está mentindo, com segurança e responsabilidade, a partir de um único indicador como “COÇAR O NARIZ”, “CRUZAR OS BRAÇOS E PERNAS, por exemplo. Diversas alterações ocorrem em nosso SISTEMA NERVOSO, quando mentimos!

 

Parte do trabalho de detecção de mentiras consiste em observar, avaliar e até mesmo medir essas alterações.

 

Quando mentimos, ficamos nervosos, com medo de ser descobertos e com muita raiva por está agindo dessa maneira. Todas as emoções ativam o SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO, produzindo um aumento dos nossos gestos habituais e, também de outros movimentos do corpo e face.

 

O que vemos portanto, não é a mentira, mas sim um resultado fisiológico transparecendo no corpo e face pelo SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO.

 

OBSERVA-SE também uma tentativa do mentiroso controlar seu nervosismo, ou a expressão facial, que está incompatível com a emoção transmitida e o que ele reproduz verbalmente. Isso é muito comum quando o mentiroso está sendo questionado!

 

Neste caso, percebe-se uma diminuição nos movimentos e gestos, que ocorre numa tentativa do mentiroso tentar esconder sinais que revelam sua agitação importuna naquele momento. É por esse motivo que se torna tão importante observar, o que chamamos de “LINHA DE BASE”, que consiste em um padrão único de movimentos e gestos habituais apresentado por aquela pessoa ou alguém na hora de seu questionamento.

 

Mas cuidado, quando a observamos a agitação de uma pessoa ou redução de seus movimentos e gestos, não significa que esteja necessariamente mentindo, mas que aquele assunto está mexendo muito com ele e, o próprio se mobilizou.

 

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O ESTUDO DAS EMOÇÕES NA FACE

Paul Ekman

A face de fato, é a parte do corpo mais visível no contato social, apesar de nas culturas muçulmanas as mulheres ocultarem a face quando saem à rua. É a face humana um importante canal de comunicação entre as pessoas! Para Paul Ekman, a face é o primeiro sistema de comunicação entre as pessoas.

Segundo Charles Darwin, ” as expressões faciais não são exclusivas da espécie humana“.

 

O primeiro sistema para medição da atividade muscular (FACS) de diversas expressões faciais, que nos permite identificar 44 unidades de ação,  denominado como AU’s.

 

Da face humana operam e se apresentam em duas áreas:

  • Face Superior – testa, sobrancelha e olhos;
  • Face Inferior – nariz, boca e queixo.

 

Nossa comunicação ocorre de forma não verbal e devemos estar atentos, as emoções contagiam, geram consequências, podemos mensurar as perdas e ganhos em nossas relações causadas pelas emoções. Nossas emoções podem gerar sensações no outro, por exemplo, ao franzir a testa pode ser percebido pelo outro como uma preocupação.

 

A emoção (ação) gera a mesma emoção (reação)– ocorre um contágio, a emoção se espalha. Na sinalização da emoção você contamina o outro, esse é um mecanismo poderoso nas relações humanas. É considerado um contágio secundário porque foi provocado pelo outro, ele ocorre automaticamente em alta velocidade.

 

Quando a emoção parte de si mesmo é considerada primária, a emoção secundária se origina do contágio percebemos e reagimos ao que o outro está sentindo. Essas emoções sejam de forma primária ou secundária se misturam o tempo todo, ela gerencia a nossa vida social.

 

Uma pessoa muito sensível tende a se contaminar com maior facilidade, isso se reflete na face, corpo e comportamento. Por exemplo, ao se deparar com uma situação que evoque enorme tristeza, nossos músculos faciais refletem essa emoção, o que chamamos de imitação reflexiva.

 

…”Quando preciso descobrir se uma pessoa é boa ou má, ou o que ela está pensando em determinado momento, imito em meu rosto, com a maior precisão possível, a expressão facial dela e espero para ver que pensamentos e sentimentos surgem em minha mente ou em meu coração…”

Edgar Allan Poe

 

 

Nosso corpo espelha as emoções, ele expressa até mesmo aquilo que não temos a consciência total. A nossa comunicação ocorre de forma racional e emocional; verbal, expressões, gestos, olhares, etc. Mesmo durante o silêncio em alguns momentos, a comunicação é contínua.

 

O corpo pode ser comparado a uma marionete do nosso cérebro. Ele promove esse encontro com o outro na interação.

 

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As cinco feridas da infância

Cinco feridas da infância

Algumas feridas emocionais na infância refletem diretamente na vida adulta. Podemos constatar seus resultados nos comportamentos.

 

Há cinco feridas que podemos perceber as consequências no comportamento do adulto em seu dia a dia, em pequenos detalhes.

 

A família é o primeiro convívio social da criança, e seu desenvolvimento é vinculado as experiência que ela vivencia nesse ambiente, logo, essas vivências caminham com ela durante a sua vida, são memórias afetivas importantes que influenciam em suas atitudes, comportamento e tomada de decisão.

 

Abandono: crianças que vivenciaram o abandono tende a se tornar um adulto que abandona projetos, relacionamentos por medo de ser abandonado.

 

Rejeição: geralmente se tornam adultos mais esquivos socialmente e buscam aceitação de pessoas importantes para ele. É comum em pessoas que viveram a rejeição ao entrar em um local, buscar o viés de confirmação.

 

Humilhação: pode desencadear uma personalidade dependente ou um adulto tirano e egoísta em algumas situações.

 

Traição: o adulto pode se mostrar controlador e desconfiado em seus relacionamentos, o sentimento de posse é bem presente.

 

Injustiça:  surge de ambientes onde os cuidadores são frios e autoritários, pode desencadear um adulto com dificuldade de tomar decisões com confiança.

 

Quantas vezes nos deparamos com pessoas “difíceis” de lidar. Quando saímos da superfície do olhar podemos compreender o motivo de muitos comportamentos com uma nova perspectiva, com um olhar de empatia.

 

Identificar a verdadeira emoção na face te auxilia a ter um olhar mais profundo sobre o outro. Confira nossa programação.

 

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O papel das emoções na investigação

ibmef interrogatorio facs paul ekman linguagem corporal

Diante de uma situação de estresse o indivíduo tende a aflorar os instintos e isso reflete diretamente no comportamento. Os instintos sempre deixam vestígios, sinais que pode ser detectado na face, corpo e paralinguagem.

 

Segundo Navarro (2008), o comportamento sempre emite uma informação, ela revela o verdadeiro estado emocional da pessoa.

 

No contexto de uma entrevista/interrogatório estabelecer um rapport cria uma ambiente favorável para a coleta de informações.

 

Na maioria dessas ocasiões o que se busca é verificar a veracidade do discurso. Algumas mentiras são inseridas em nosso dia a dia como “convenções sociais”, para que a pessoa se relacione melhor com o meio.

 

Mas há mentiras que são intencionais e pode ocorrer através da omissão, geralmente proporciona mais segurança ao mentiroso, é uma mentira menos trabalhada, requer menor esforço. E há mentiras que são fabricadas, essa exige do mentiroso uma maior articulação verbal e ele corre mais risco de ser pego.

 

A demanda fisiológica está no Sistema Nervoso Autônomo, então, nossas respostas fisiológicas surge diante de uma ameaça, como por exemplo, a resposta “fight or flight”onde o corpo se prepara para a luta ou fuga.

 

Segundo Navarro; Karlins (2008), o primeiro comportamento de defesa diante de uma ameaça é a síndrome de “freeze/hide”, quando o indivíduo fica paralisado, entre os animais, podemos constatar que alguns se fingem de morto para escapar do seu predador.

 

Já no corpo humano podemos notar algumas reações como prender a respiração, exposição física diminuída, efeito tartaruga, etc. Durante interrogatórios/entrevistas comportamentos definidos como “flight” ocorrem com frequência diante de um estresse, ações de bloqueio como coçar/fechar os olhos, cobrir a face com a mãe, postura de esquiva, barreiras físicas, etc.

 

Esses comportamentos não apresenta isoladamente um indício de mentira, mas indicam um desconforto e uma ação de distanciamento. Podemos inserir também gestos pacificadores/adaptadores, que tem a função de acalmar, confortar o próprio indivíduo em momentos difíceis.

 

Para dar escape ao instinto de lutar, fugir ou esconder-se o indivíduo fica em meio a um conflito, e em meio a esse conflito é que as pistas não verbais estão visíveis com uma maior intensidade.

 

A face é o maior canal de comunicação, segundo Ekman e Friesen (2003), há quatro tipo de vazamento de mentira : morfologia da face, tempo da expressão, localização da expressão e a micro expressão facial (deve-se considerar o contexto pelo entrevistador).

 

As emoções pode funcionar como um impulso ou bloqueio em uma investigação. Ela pode se levantar como uma barreira intransponível se o investigador não tiver a percepção do que ocorre com quem está a sua frente. Como citado no livro a Arte da Guerra:

“Quando cercar o inimigo, deixe uma saída para ele, caso contrário, ele lutará até a morte.”

 

Identificar as emoções na face é uma competência que pode ser desenvolvida e utilizada de forma responsável e ética.

 

 

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PROXÊMICA

proxemica

A proxêmica pode causar regulação ou conflito nas interações.

Altman (1975) determina três tipos de territórios;

  1. Primário – são os ambientes mais restritos, considerados familiares que incluem objetos pessoais.
  2. Secundário – são mais propensos a conflitos, a noção de público e privado se confundem, a linha é muito tênue (bares, transportes, parques, etc.)
  3. Público – utilizamos temporariamente e não nos dá a sensação de pertencer, de propriedade.

Na área de investigação ou criminal profiling o responsável pela investigação geralmente se senta ao lado do investigado, sem dar a ele uma barreira física na interação que pode gerar uma fragilidade psicológica diante da invasão da proxêmica.

Já segundo Lyman e Scott (1967), podemos considerar três tipos de invasão;

  1. Violação – quando a pessoa manifesta um comportamento que ultrapassa o limite da individualidade, como encarar alguém, ocupar dois assentos, som alto em ambiente de estudo, etc.
  2. Invasão –  se trata de algo mais efetivo e concreto, ações que invadem fisicamente o ambiente do outro.
  3. Contaminação – o que encontramos no ambiente, algo que foi deixado, como um rastro de que o local foi utilizado (quando alguém utiliza sua mesa de trabalho e deixa algum objeto dela).

Essas situações consideradas como violações sempre evocam uma defesa. Podemos prevenir (marcar o território) ou reagir ( isso está ligado diretamente ao comportamento como alteração de voz, olhar, postura, etc).

Essas violações tampem provocam ações como afastamento e aproximação, interferindo diretamente na relação interpessoal.

Na IBMEF trabalhos com a proxêmica considerando;

  • 15 – 50 cm / Zona íntima
  • 50 – 120 cm / Zona Pessoal
  • 1,2 – 3 m / Zona Social
  • 3m – 8m / Zona Pública

Quando percebemos alguém a nossa frente que não se mostra muito amigável, tendemos a esquivar da situação, em contrapartida, quando buscamos a aceitação do outro tendemos a diminuir a distância física.

SETE EMOÇÕES UNIVERSAIS

Micro Expressão

Emoção Alegria – é uma emoção universal relacionada com o bem-estar e, resulta em sentimentos positivos. É uma emoção subjetiva claramente positiva, pois, provoca boas sensações nas pessoas que as experimentam. Na emoção de Alegria, ao vivenciar é rápido com pouca duração ao contrário da emoção de tristeza que ao vivenciar tem sua duração prolongada. Quando uma pessoa vivencia a emoção da alegria é gerado devido à liberação de substâncias químicas como dopamina e a noradrenalina.

Emoção Aversão/Nojo –  Paul Ekman descreve: “… um sentimento de aversão… por alguma coisa repulsiva que nos desperta uma repugnância. Saber de alguma coisa pode ser ofensivo no sabor ou cheiro, pode nos deixar com repugnância (…) podem não ser paladar, cheiros ou toques; a indicação deste pode provocar aversão como também as ações, a aparência das pessoas ou até mesmo as ideias”.

Emoção Raiva – envolve diversas experiências diferentes, existindo também um grande alcance de sentimentos gerados pela emoção da raiva. Que pode variar de ligeiramente irritante até a ira completa. Os sentimentos e ação que a emoção raiva provoca, podem muitas vezes, destruir ou abalar uma relação pessoal ou profissional. Nossa expressão facial ou tom de voz sugerem ao nosso alvo da raiva que estamos furiosos com alguma coisa. Como em outras emoções, a raiva possui poderosos sinais musculares na face e na voz, dando assim, aos outros a indicação e a informação de que há algum problema.

Emoção Desprezo –  Paul Ekman, descreve a emoção de desprezo da seguinte visão: “O desprezo é apenas experimentado em pessoas ou ações de pessoas, mas, não são gostos, cheiros ou toques, (…) podemos, contudo, sentir desprezo sobre pessoas que comam coisas desagradáveis e nesta emoção existe um elemento de condescendência sobre o objeto de desprezo”. Apesar de sentimos superiores a outra pessoa, quando sentimos desprezo, aqueles que ocupam uma posição subordinada pode sentir desprezo de seus superiores. As sensações sentidas durante a experiência de desprezo, não são necessariamente desagradáveis. O desprezo está ligado ao poder e ao estatuto! Os desprezos assim, como as outras emoções, variam em intensidade e força.

Emoção Medo – existem estudos realizados sobre o medo, do que sobre qualquer outra emoção. “O medo é um estado interno da pessoa, pois, este sente que há perigo, logo sente medo. É uma emoção associada ao perigo, que pode ser extremamente breve, mas também pode durar um longo período de tempo”. Podemos aprender a ter medo de quase tudo, porém, não podemos fazer quase nada quando sentimos medo, dependendo daquilo que aprendemos anteriormente sobre aquilo que nos protege da situação em que estamos envolvidos.

Emoção Surpresa – “A emoção da surpresa, é a mais sumária das emoções universais, durando apenas 1 segundo” – Professor Paul Ekman. A emoção da surpresa é uma experiência breve e inesperada. Acontece apenas no momento em que decorre a situação que nos surpreende e, depois disso acontecer, a surpresa pode ser substituída pelas outras seis emoções universais. Podendo também vivenciar sentimentos como: alivio vergonha, culpa remorso, etc.

Emoção de Tristeza – conforme  Paul Ekman, argumenta que existem tipos de perda que podem provocar a emoção da tristeza, como “a rejeição de um amigo (a), a perda de autoestima pelo fracasso de um objetivo falhado, a perda de um parente próximo, a perda da saúde, a perda de alguma parte do corpo ou função provocada por um acidente, ou doença e, também a perda de objetos considerados valiosos para a pessoa”. A tristeza provoca resignação e desespero assim, como desagrado, desilusão, desencorajamento, etc.

Marcos Roberto